O TANGO DA CÊRA (2005)

No meio do salão imagino-me a ler.
Estavas sentada à beira do Palco
Olhos semi-cerrados (linda de morrer)
A parede branca contrastava a tua pele negro-talco.

À luz de duas velas nós projectamos
As roupas negras que trajamos
Naquela parede qual tela
Uma dança de sombra cingela

(E tu pedes para cantar nostalgia e tragédia
mas sabes que prefiro o amor e a comédia
e eu canto,eu canto qualquer coisa para ti
pois sabes que foi contigo que eu quase me perdi)

Tapetes Verdes-de-Corda a meus pés recalco
Enquanto caminho com meus passos mortais
Miravas-me envolta numa toalha.No catafalco
Ouvias-me suplicar “Confia em mim uma vez mais!”

Passei a vida inteira,amando a minha Vida
Agora tremo de medo,como a luz de uma Vela
Resisto não vacilando nesta hora desmedida
Como chama extinguida à beira de uma janela.

Mário Mata
(PUBLISHING CAPARCA)

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