Apetecia-me

Apetecia-me deitar a cabeça numa almofada de sumaúma
E adormecer na noite hipnótica da bruma
Dormir na sombra cósmica do Outono
É pouco afinal o que ambiciono.

O vento clama nas florestas
Galopa sobre os castanheiros e giestas
E lembra um choro de viuvas desonestas
Que soa incessante pelas frestas.

Contemplo-te à luz da madrugada
Não te quero pedra humanizada
Flor do silêncio , corpo sem calor
Compreendo-te e evoco o teu amor.

Sinto uma trovoada majestosa
Na minha cabeça a romper
Rubra sinfonia dolorosa
Não fiques mármore bruto de sofrer.

És a minha amante da noite escura
Amo-te assim desgrenhada
Ao relento dramática figura
Quero-te a mim abraçada.

Hoje sinto-me um cão sem dono
Que perdeu a rota , vive no abandono
Como um batel sem mastro e sem velas
Na torva e aguda escuridão das vielas

Comentários

  1. Cão sem dono!?

    Poesia não falta por aqui :)

    Vou voltar e esperar por dias mais alegres!

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  2. Olá Mário! Como é que isso anda? Já não nos vemos há alguns aninhos!

    Filipa Guia Costa lembras-te? Era pequenina...

    Diz qualquer coisa para filipahgcosta@gmail.com

    Bjs

    ResponderEliminar

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